quarta-feira, 14 de outubro de 2009


O Brasil não precisa de usinas nucleares


Segundo previsão do Plano Nacional de Energia 2030 – PNE 20030 (Estratégia para a Expansão da Oferta), divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética –EPE, o Brasil deverá construir mais quatro usinas nucleares até 2030, duas das novas unidades nucleares com potência de 1 mil MW cada poderão ser construídas na região Nordeste e as outras duas no Sudeste (também com 1 mil MW cada). Além de Angra 3, que já está incluída no Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica (PDEE) 2006-2015 divulgado pelo governo no início deste ano.

Paralisadas há 20 anos, as obras da usina nuclear de Angra 3 (1.350 MW), segundo prevê um dos anexos do PAC(Programa de Aceleração do Crescimento), deverão ser retomadas em julho, e estima para agosto de 2013 a entradade operação da terceira usina termonuclear brasileira, com investimentos da ordem de R$ 7 bilhões.
A elaboração destes planos de expansão da oferta energética sofre de um erro de origem: a ausência da sociedade no debate da questão energética, e sua efetiva participação no processo decisório. A ampliação do espaço de debate é fundamental para tornar politicamente sustentável o processo de decisão. O debate energético não pode permanecer confinado nas mesas e gabinetes de “experts”, hábeis na manipulação de números e unidades (Watts, Joules, Btu´s, ....), que buscam na epistemologia das ciências a legitimação das decisões que afetam toda a sociedade. O Brasil não tem necessidade de construir mais usinas nucleares para atingir a meta do PAC de aumentar a oferta de energia elétrica. Estas decisões referentes à construção de usinas de geração de eletricidade têm sido expostas diante de um suposto aumento dos riscos de déficit de energia, alimentadas pela síndrome do apagão. Fonte de energia elétrica ambientalmente incorreta por causa dos riscos de acidentes e pela produção de resíduos radioativos, o uso da nucleoeletricidade pelo Brasil é estrategicamente incorreto, e deveria ser definitivamente descartada. Parece-me mais inteligente buscar formas de aumentar a eficiência e a conservação de energia, e de encontrar na diversidade das fontes renováveis as múltiplas saídas para os problemas energéticos do país.O Brasil tem hoje aproximadamente 70 usinas hidrelétricas com mais de 20 anos de construção, que poderiam sofrer uma repotenciação (troca de equipamentos, por ex. substituição do rotor do gerador, ou modernização de componentes e sistemas). Se isso fosse feito, mais ou menos 60% da meta do PAC já seria contemplada. O custo é bem menor comparado à construção de novas usinas, que absorvem a maior parte dos investimentos somente em obras civis. Os 40% restantes da meta do PAC poderiam ser obtidos sem nenhuma nova obra civil. Bastaria que se investisse na redução das perdas do setor elétrico nacional, que hoje, desde a transmissão até chegar ao domicílio ou ao eventual consumidor industrial, são da ordem de 15%. Se houvesse um esforço para que o desperdício fosse reduzido para 10%, isso já seria suficiente para fechara conta. Esses 5% de ganho, que não é muito, permitem atingir a meta do PAC. O sistema brasileiro hoje temcerca 97 mil megawatts aproximadamente de potencia instalada.Os processos de repotenciação proporcionariam quase 8.000 megawatts, e a redução do desperdício, mais 4.850 megawatts. Mas isso tem de ser bem planejado, porque implica desligar as usinas para que as máquinas mais potentes possam ser instaladas. Esse processo de repotenciação não ocorreu até hoje no país por causa da cultura das megaobras. Parece que os governos preferem construírem grandes usinas, porque elas acabam dando mais visibilidade, rendendo votos para a próxima eleição.O argumento sobre o temor de um apagão energético no final da década, é uma das principais preocupações daqueles que defendem a construção da usina nuclear de Angra III. Lamentavelmente a opção nuclear é a opção preferencial, em detrimento da busca pela eficiência energética e adoção de matrizes energéticas renováveis, como o uso da biomassa (produzida a partir da queima de resíduos agrícolas ou outro material orgânico), da energia eólica, da energia solar e da produção de biocombustíveis sem aumento do desmatamento. O PDEE, que tem pouco apreço pela busca da eficiência energética e do uso racional de energia, foi elaborado para beneficiar as indústrias do setor eletro-intensivo, como as empresas produtoras de ferro, celulose e alumínio primário, que são grandes consumidoras (e desperdiçadoras) de energia, concentrando em três megaprojetos (as usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antonio - no Rio Madeira, em Rondônia, a de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará e a usina nuclear de Angra 3) que causarão grandes impactos sociais e ambientais e têm uma chance razoável de dar errado.
O governo não dá muita importância à adoção de novas matrizes de energia renovável no país. As energias renováveis são relegadas no PDEE, enquanto deveriam ser encaradas como a grande solução para a questão energética. O Brasil, já é capaz de produzir em quantidade energia solar térmica, solar fotovoltaica, eólica ou biomassa, entre outras, e só não o faz por falta de vontade política do governo. O governo segue desconsiderando essa tendência internacional apesar do país possuirpotencial para suprir totalmente a demanda nacional atual e também para fornecer eletricidade a locais remotos quenão a possuem ou que utilizam outras fontes como a geração a diesel ou a gás.
Ao desprezar as fontes renováveis, o país acaba deixando de economizar energia. Essas fontes poderiam tambémresolver problemas atuais do setor, como o pico de consumo causado por chuveiros elétricos e que pode serreduzido utilizando a energia solar térmica, beneficiando a todos, inclusive às concessionárias. Assim a demanda poderia ser mais balanceada e o fator de carga elevado.
Como podemos observar, a temática da oferta da energia traz questões de ordem política decorrente da forma comoas diferentes opções energéticas são impostas a sociedade. O tratamento da questão energética em nosso país continua a revelar a prevalência da visão liberal-mercantilista, que concebe o setor energético como um campo de relações de troca de mercadorias, com vistas à ampliação da acumulação de capital.

Prof. Dr. Heitor Scalambrini CostaDepartamento de Engenharia Elétrica e Sistemas de PotênciaUniversidade Federal de Pernambuco

sábado, 10 de outubro de 2009


Zoológicos: prisões de animais até a morte (que crime eles cometeram?)Por Libertação Animal 21/03/2009 às 15:49


Nos zôos as pessoas aprendem que os animais são tratados como objetos de consumo: se divertem vendo a dignidade perdida dos animais. Quem quer se divertir vendo animais enjaulados e infelizes?

Zoológicos: prisões de animais até a morte (que crime eles cometeram?) Aproveito então esta oportunidade para lembrar que a exploração de animais em zoológicos é uma violação à Declaração Universal dos Direitos dos Animais que assegura que todo o animal pertencente a uma espécie selvagem tem o direito de viver livre no seu próprio ambiente natural. Toda a privação de liberdade, mesmo que tenha fins supostamente educativos é condenável.
O escritor José Saramago afirmou recentemente que, se pudesse, ele fecharia todos os zoológicos do mundo. Ele não consegue entender como as pessoas podem se divertir nestes parques onde, geralmente, animais tristes em cativeiro sofrem terrivelmente em espaços imundos e pequenos vivendo num tédio e monotonia. Atualmente, os zoológicos são totalmente desnecessários porque há inúmeros vídeos e documentários sobre a vida animal.
Os zoológicos são prejudiciais até mesmo para a preservação da fauna em cativeiro. Um estudo da Sociedade Real Britânica para a Prevenção de Crueldade contra Animais denunciou recentemente que a vida nos zoológicos está matando os elefantes no mundo. Segundo o estudo, os elefantes selvagens vivem muito mais tempo do que os mantidos em cativeiro. A fêmea africana consegue chegar apenas aos 17 anos em um zoológico, enquanto as fêmeas, vivendo naturalmente no Quênia, vivem uma média de 56 anos. O estresse e a obesidade são provavelmente os fatores responsáveis pelas mortes. Elefantes aprisionados em zôos sofrem freqüentemente de Infanticídio, herpes, tuberculose, infertilidade e comportamento estereotipado.
A vida nos zoológicos está matando os elefantes e sendo degradante para todos os animais. A população de elefantes dos zôos não cresce se não houver novas importações. Não podemos permitir que estas crueldades continuem. Devemos ensinar as crianças (e adultos) a respeitarem os animais. Nos zôos as pessoas aprendem que os animais são tratados como objetos de consumo: se divertem vendo a dignidade perdida dos animais. No final do dia, quando o público sai do zoológico, os animais, tristes, permanecem aprisionados. Que crime eles cometeram?
Por trás das grades


Zoológicos: crueldade travestida de diversão

22 de junho de 2009

Por Mariana Hoffmann http://www.anda.jor.br/?p=6059

Para quem gosta de animais ir ao zoológico é um martírio. Lá os encontramos em ambientes totalmente artificiais, expostos à curiosidade dos visitantes, em espaços exíguos, muitas vezes deprimidos ou estressados. Embora existam zoológicos que forneçam um pouco mais de dignidade aos animais, o fato de mantê-los confinados fora de seus habitats naturais já pode ser considerado uma violência. De acordo com o promotor de justiça Laerte Fernando Levai, “manter animais confinados atrás das grades pode, a meu ver, configurar infração ao artigo 32 da Lei 9.605/98, que define o crime de abuso e maus-tratos”.
Esta nova maneira de interpretar a lei se opõe à ideia, sustentada por muitos, de que os zoológicos exercem função educativa e protetora. Com relação a esta última função, podemos apontar uma alternativa mais saudável para abrigar animais que, em determinadas situações, necessitem de abrigo e proteção: os santuários. Com ambientes mais próximos do natural, são locais protegidos onde os animais podem se ressocializar com membros de sua própria espécie para, se possível, serem reinseridos em ambientes naturais.
Já em relação ao argumento de que os zoológicos exercem função educativa, o biólogo e ativista Sérgio Greif esclarece que “um animal em cativeiro não expressa seu comportamento natural”. O que os visitantes veem são apenas sombras dos animais que eles seriam caso tivessem a oportunidade de viver livremente. Além disso, Greif aponta que “a mensagem transmitida pelos zoológicos é que os animais são engraçadinhos e podemos mantê-los presos com o propósito de exibi-los. Essa não é minha concepção do que deveria ser a educação ambiental”.
Outra alegação comum é que os zoológicos podem funcionar como banco genético de animais que foram extintos ou estão à beira da extinção. Para Greif tal argumento não é válido, uma vez que “de nada serve preservar alguns poucos exemplares vivendo em cativeiro se esses animais jamais serão reintroduzidos em seus antigos ambientes, até porque, com frequência, sua extinção advém da supressão desses mesmos ambientes. Além disso, a recuperação da espécie com base em alguns poucos exemplares representaria um afunilamento genético. Se há realmente uma preocupação com a preservação das espécies, deveriam ser preservados seus ambientes naturais”.
A vida no zoológico é tão artificial que muitos animais apresentam distúrbios de comportamento e têm seu tempo de vida radicalmente alterado. Um exemplo são os elefantes. O tempo de vida de um elefante africano em zoológicos europeus dura em média 16,9 anos. Muito pouco se comparado aos 56 anos para os elefantes que morreram de causas naturais no Parque Nacional Amboseli, no Quênia. Segundo pesquisadores, as causas passam pela falta de espaço e pequeno número de outros animais com os quais possam formar grupos.
A faceta exploratória e abusiva dos zoológicos é também um reflexo da sua história: a ideia de colecionar animais exóticos nasceu na aristocracia do século XVI como sinal de status, e pouco a pouco os “estábulos” foram democratizados para o entretenimento da burguesia. Quando surgiram os “jardins zoológicos”, no século XX, ainda eram comuns as práticas de ensinar e domar os animais para que aumentassem o divertimento do público. Embora tais espetáculos não existam mais, o foco dos zoológicos continua sendo os interesses humanos, em detrimento dos interesses dos animais.